Translate

sábado, 10 de setembro de 2016

Paisagens de Mendoza - Projeto N° 03/2016

Neste post vou compartilhar a experiência do meu terceiro projeto do ano em mais uma viagem de conciliação de turismo e fotografia. A viagem para Mendoza era um pouco diferente da anterior, pois se trata de uma cidade grande, tendo a produção de vinho como um de seus maiores atrativos. Contudo, a parte de maior interesse fotográfico estava nas montanhas. Havia dois dias em que faríamos viagens para fora da cidade, um para a Reserva Villavicencio a aproximadamente 50 km da cidade, no outro, iríamos até a fronteira com o Chile, percorrendo um trajato de cerca de 180 km desde o centro da cidade.

Correndo o risco de ser repetitivo para quem já leu os posts anteriores, os objetivos fotográficos para esta viagem consistia em melhorar alguns aspectos identificados anteriormente (aqui), sobre os quais escreverei um pouco mais na sequência.

  • Cores: obter cores fiéis à realidade, ajustando o balanço de branco adequadamente no arquivo RAW posteriormente.
  • Exposição: obter melhores exposições considerando os limites de recuperação de imagem do sensor da câmera e fazer uso de filtro graduado de densidade neutra para equilibrar a luz.
  • Composição: tomar o tempo possível para pensar a composição, buscando melhor harmonia entre os elementos dentro do quadro. 
  • Foco: maximizar a profundidade de campo nas fotos para obter resultado mais nítido.


Cores


A época era fim de Maio, quando ainda não era inverno, mas já se podia observar muita neve nas montanhas. Diferente das paisagens da Ruta de los Siete Lagos, a vegetação é bastante escassa e mais no alto das montanhas, praticamente inexistente. Era fundamental conseguir um bom balanço de branco para poder ressaltar as poucas cores disponíveis. A cidade arborizada permitia também captar um pouco da coloração já de final de outono.

Parque San Martin. 35mm f/5.6, 1/200s, ISO 100.

Neve próximo à fronteira com o Chile. 24mm, f/8, 1/125s, ISO 100.

Exposição


Uma das coisas mais difíceis de conciliar em uma viagem não fotográfica é o horário das fotos, pois temos que aproveitar o momento e nem sempre (ou quase nunca) estamos em um local fotográfico ao nascer ou pôr do sol. Geralmente, temos que fazer o melhor possível com a luz do meio dia. Algo que me ajuda muito nesses momentos é o filtro graduado de densidade neutra, equilibrando um pouco o contraste imposto pela luz dura. O resultado é muito mais agradável e possibilita conseguir melhores cores. Para melhorar a fotometria, tentei aplicar o sistema de zonas dentro do possível, geralmente deixando as nuvens e/ou a neve com o fotômetro entre +1.7 EV e + 2 EV. Quando não acertava a exposição diretamente, o que era difícil conferir pelo LCD, deixava próximo o bastante para não introduzir ruído em leves ajustes no pós processamento.

Cena com sol bastante forte, filtro GND usado para balancear céu e terra.  17mm, f/8, 1/250s, ISO 100.

Cena com sol bastante forte, filtro GND usado para balancear céu e terra. Resultado de cores bem fiéis à realidade.  35mm, f/8, 1/250s, ISO 100

 Composição


O visual da viagem era incrível e, apesar de contraditório, acho bastante desafiador conseguir fotos boas quando a paisagem é assim tão fácil. Então, buscava dispor o assunto de maneira a tornar a imagem mais interessante do que uma simples foto de montanha coberta de neve. Encontrar o melhor ponto, conseguir posicionar-se ou armar o tripé demanda um certo tempo que nem sempre temos neste tipo de viagem.

Trilhos, pedestre, tambor e placa compondo cena com as montanhas. 50mm, f/8, 1/100s, ISO 100.

Usando as linhas da estrada. 14mm, f/8, 1/160s, ISO 100.

Foco


O ideal para fotos de paisagem, quando se quer colocar o máximo possível em foco, é escolher a distância hiperfocal para a cena. Sem entrar muito no mérito do assunto, que poderia ser tema para um tópico completo, para cada distância focal e abertura existe uma distância que maximiza a profundidade de campo quando se focaliza nela. Na prática, tentava usar uma regra geral de focar em um ponto a aproximadamente 1/3 do final da cena. O uso de grande angular e abertura pequena ajudam muito neste caso. 

Córrego entre montanhas no Parque Provincial Aconcagua. 17mm, f/8, 1/125s, ISO 100.

Estrada com montanhas ao fundo. 82mm, f/8, 1/400s, ISO 100.

Um pouco de tudo


Os melhores resultados, sem dúvida são os que conseguimos reunir as condições técnicas com os objetivos que se tem em mente, levando a um resultado acima da média. Neste sentido, escolheria a foto abaixo como a que mais me agradou entras as tantas realizadas.

Trilhos e postes em meio à cordilheira dos andes. 22mm, f/8, 1/200s, ISO 100.

Experimentar um pouco no pós processamento também pode resultar em coisas interessantes, sair um pouco do comum. Algo que comecei a testar e que uso muito pouco, mas que gosto quando é compatível com o assunto é a simulação de filmes disponibilizada por alguns programas. No caso da imagem abaixo, utilizei uma simulação de filme do DxO Filmpack para dar um tom velho à imagem de uma cena com vegetação de arbustos, praticamente marrom.

Caminho para a Reserva Villavincencio. 35mm, f/8, 1/320s, ISO 100.

Checklist


Uma maneira de conseguir consistencia nos resultados é criar um checklist de itens que fazem diferença quando saímos determidados a fazer algum tipo de fotografia. É algo muito importante, principalmente, quando não se fotografa com tanta frequência e que pode fazer a diferença entre uma foto bem sucedida e perder todo um esforço. Para fotos de paisagem, comecei um checklist pessoal que certamente se transformará em um post quando estiver mais completo.

  • Tripé - fundamental, usar sempre que possível.
  • Desligar o VR quando a câmera estiver montada sobre o tripé
  • Manter ISO o mais baixo possível
  • Filtros GND - utilizar sempre que envolva cenas com alto contraste, como envolvendo céu e terra
  • Filtro polarizador circular - usar para enriquecer cores e eliminar reflexos
  • Usar self-timer para reduzir tremor com a câmera montada em tripé